terça-feira, 26 de maio de 2015

Alcoólico Anónimo

Mais uma manhã, mais um copo de whiskey que quebra o jejum.
Para ele não havia outro pão, nem outra água, o único pão ali era o seu fígado, que se ensopava em álcool e se transformava em açorda nauseabunda.

domingo, 24 de maio de 2015

Morri

Estou morta.
Mataste-me.
Ou eu matei-me
Vivi uma esperança que nunca me deste;
Entreguei-me a uns braços cruzados;
E agora fiquei sem coração.
Dói.
Dói mais agora que o coração se foi.
Como as inofensivas palavras podem matar;
E morri.
E tu nem sabes.
Nem nunca saberás.
Tento não me culpar, mas a culpa é somente minha;
De mais ninguém.
Nem tua, nem de quem a ti me levou.
É minha; pela carência, pela falta, pela busca, por seres tu.
Ser tão perfeito que nunca antes conheci igual.
Agora tenho termo de comparação, mas não tenho coração.
Não quero mais ninguém que não me queira,
E se me querem venham ter comigo
Que eu já não vou ter ninguém.
Morri;
Com uma frase espetada no coração.
Morri.