quarta-feira, 18 de junho de 2014

O Toxicodependente



Tomás era jovem.
Tinha a vida pela frente, mas a morte ao seu lado.
A percorrer-lhe as veias.
Enquanto escrevo sobre ele, deve estar a morte a percorrê-las.
Ele namorava-a; Ele chamava-a de heroína.
Heroína? Que ironia...Os heróis levam-nos para longe do abismo, mas a sua heroína empurrou-o para ele.
Não duvido que o deixa-se leve, pois ela sugava-lhe a alma.
Deixava-o petrificado.
Apenas um corpo mole, natureza mais morta que viva.
Ele amava-a; Ela? Acho que não.
Que raio de amor nos empurra do precipício?
Ele roubava para ela.
Ele vendia-se para ela.
Ele fazia tudo por ela, julgando que ela fazia tudo por ele.
Pobre Tomás.
Iludido.
Sempre.
Enquanto ele julgava que ela o fazia viver, ela matava-o, a cada dia, um pouco mais.