Estava nas águas
furtadas de um prédio antigo, na baixa Lisboeta.
Olhava pela janela. Via sombras vaguearem pela rua estreita de sentido único.
Olhava pela janela. Via sombras vaguearem pela rua estreita de sentido único.
Fumava um cigarro que carbonizava todas as ideias transformando-as em fumo e pó.
A janela estava
fechada. O espaço ficava inundado por um nevoeiro quente e cinzento.
Não havia
metáforas nem hipérboles, eu dava ao assassino o poder e a permissão para me
matar um pouco mais a cada dia que passava.
Ao fundo um gira
discos antigo percorria as linhas corporais de um vinil poeirento. A música era
calma.
A meu lado
erguia-se a sombra de uma garrava de tinto e um copo com um beijo meu.
Olhei a rua de novo.
Estava uma noite
lívida, não obstante bonita.
Olhei o céu.
As estrelas
queimaram-me os olhos e a lua rasgou-me a pele.
E eu deixei.
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