A vida são curvas sublimes numa estrada com altos e baixos,
numa calçada esburacada, maltratada com desprezo pelo antigo que a tudo temos
de agradecer pelo novo. São meras fotografias espalhadas numa sala, sem dono,
sem significado, que apenas têm vultos ou paisagens banais.
É a monotonia de acordar e adormecer todos os dias, e o
único ponto de viragem, neste enredo monótono é quando adormecemos sem voltar a
acordar, é a morte. Talvez soe um pouco sádico, talvez o seja até, mas a
verdade é que não mo podem negar.
Tudo o que acontece neste mundo, será apenas memória no
outro, o outro onde somos crianças libertas na alegria dos campos verdes e
coloridos pelo pólen primaveril. Seremos almas sem corpo, leves e claras como a
água cristalina de um riacho. Seremos imortalmente felizes, sem medo do amanhã
e sem conflitos com o hoje, não teremos complexos porque jamais veremos imagem
alguma do nosso ser refletida em qualquer superfície.
Seremos apenas nós, meros vagabundos solitariamente felizes,
cantando músicas de embalar ao vento. Seremos felizes